Importância da Literatura para o Desenvolvimento Intelectual do Aluno
A literatura desempenha um papel crucial no desenvolvimento intelectual dos alunos, assim como no avanço da sociedade em geral. O ensino da literatura e o estímulo à leitura são essenciais, não apenas por proporcionarem prazer, mas por contribuírem para o enriquecimento cultural e intelectual dos discentes. Ao envolver-se com o texto literário, o aluno é conduzido a um estado de encantamento, que simultaneamente lhe oferece um prazer estético e uma profunda reflexão sobre o mundo, sensibilizando-o e promovendo uma compreensão crítica da realidade.
O fascínio proporcionado pela literatura reflete os desejos, angústias e esperanças humanas expressas nas obras, revelando o papel da literatura como um espelho dos sentimentos e emoções humanas. Nesse contexto, o professor assume um papel primordial. Cabe ao educador, juntamente com os pais, promover hábitos de leitura, buscando maneiras eficazes de despertar o interesse dos alunos. O docente deve, além disso, demonstrar sensibilidade ao abordar o texto literário, promovendo uma experiência enriquecedora.
A literatura oferece ao aluno a oportunidade de se engajar com textos polissêmicos e linguagens subjetivas, características que exigem debates e discussões mediadas pelo professor. Por meio dessas interações, o aluno desenvolve competências interpretativas e habilidades analíticas. Para que a literatura de fato contribua para o desenvolvimento intelectual, é essencial que o aluno tenha liberdade para interpretar os textos, atribuindo-lhes significados a partir de sua visão de mundo e de sua própria realidade. Nesse processo, o professor tem a responsabilidade de incentivar o gosto pela leitura literária, pois é através desse contato constante que o aluno cria familiaridade com os textos e mantém viva a memória cultural.
O aluno, por sua vez, deve apropriar-se do conteúdo de forma a construir interpretações próprias, conectando o que lê à sua vivência e ao contexto social em que está inserido. Muitas vezes, no entanto, o ensino da literatura é limitado por abordagens excessivamente impositivas, nas quais o professor não permite que o aluno explore plenamente sua capacidade interpretativa. Como observado por Silva (2015), a relação entre leitura e literatura nem sempre é analisada de maneira a favorecer a autonomia do estudante na escolha de obras que possam estimular sua criatividade e pensamento inovador. O ambiente escolar, idealmente, deveria ser um espaço onde o aluno desenvolvesse suas habilidades críticas, e o professor, nesse sentido, deve atuar como um facilitador e motivador do processo de aprendizagem.
É fundamental que o professor selecione textos literários de acordo com os interesses e a capacidade interpretativa dos alunos, mostrando que qualquer obra literária resulta de um intrincado entrelaçamento de registros linguísticos e estéticos. Ao mesmo tempo, o aluno deve ser incentivado a escolher seus próprios textos, baseando-se em suas experiências prévias de leitura, de modo a descobrir o prazer da leitura por si mesmo (Silva, 2015).
Assim, o professor deve assumir seu papel como promotor da literatura enquanto ferramenta de aquisição de conhecimento e humanização. A literatura, especialmente no contexto escolar, pode desempenhar um papel central no desenvolvimento intelectual e emocional dos alunos, desde que reconhecida como uma forma de fruição e como um meio de explorar criativamente diferentes mundos, sensações e realidades. O ato de interpretar um texto literário é um exercício de construção de significado que resulta de uma prática constante de leitura, desenvolvendo, assim, a intelectualidade e promovendo o equilíbrio moral e psicológico, além de uma maior integração com a realidade circundante.
Por outro lado, como apontam Pontes e Oliveira (2011), a literatura deixa de cumprir seu papel transformador se for abordada de maneira inadequada. Algumas escolas e professores tendem a tratar o ensino da literatura de forma restritiva, limitando-se a estudos diacrônicos e a resumos, o que impede os alunos de vivenciarem plenamente a riqueza dos textos literários e de desenvolverem seu pensamento crítico e criativo. Esse tipo de abordagem, ao fragmentar a literatura e focar apenas na historiografia ou biografia dos autores, priva os alunos da experiência completa de leitura e da oportunidade de fazer conexões significativas com os textos.
Como Gonçalves (2015) argumenta, essa abordagem estreita restringe a literatura ao papel de ferramenta cultural limitada, em vez de promover uma verdadeira exploração do potencial crítico que a literatura oferece. Magnani (2001) e Silva (2015) reforçam a ideia de que a literatura só pode ser considerada relevante se a escola assumir o papel de formar leitores críticos e autônomos, capazes de desenvolver uma leitura crítica do mundo a partir dos textos literários.
A leitura literária deve ser pensada não apenas como um procedimento cognitivo, mas como uma ação cultural historicamente constituída, em que o leitor desempenha um papel dinâmico na construção de significados (Silva, 2003). Solé (1998) conclui que ensinar o aluno a ler de forma compreensiva e significativa é oferecer-lhe a possibilidade de aprender de maneira autônoma, em diferentes situações. A leitura literária, portanto, não deve ser utilizada apenas como pretexto para outros ensinamentos, mas deve ser explorada em toda a sua força e potencial para estimular o desenvolvimento crítico e intelectual dos alunos.
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, Cássia Rodrigues. Formação de leitores literários: parâmetros curriculares e práticas
docentes. Disponível em: Acesso em: 25 fev. 2015.
MAGNANI,
Maria do Rosário Mortatti. Leitura,
literatura e escola: sobre a formação do gosto. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2001, p. 137-142. (Coleção Texto e Linguagem).
PONTES, Jackcileide Anielly Tavares de; OLIVEIRA,
Micaelle Kiara Barbosa de. Leitura,
literatura e ensino. Disponível em: < http://entrechoques.ccha.uepb.edu.br/2012/2011/gt05/gt05T009.pdf>.
Acesso em: 25 fev. 2015.
SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura em sala de aula: da teoria literária à prática escolar.
Disponível em:<ttp://www.pgletras.com.br/Anais-30-Anos/Docs/Artigos/5.%20Melhores%20teses%20e%20disserta%C3%A7%C3%
B5es/5.2_Ivanda.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2015.
SOLÉ, Isabel. Estratégias
de leitura. Tradução de Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre:
ArtMed, 1998, p. 32-47.
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