Uma análise crítica sobre a obra: “Escolarizando Homens Negros” de Bell Hooks.


O presente trabalho visa a analisar as temáticas principais da obra: “Escolarizando Homens Negros” de Bell Hooks, a partir do contexto motivacional de sua produção e levando em consideração a estrutura dessa obra, tal como, os seus aspectos contextuais. Para tanto, considerar-se-á neste texto, tanto quanto possível, os conceitos presentes na obra tais como: racismo, sexismo, estereotipação, feminismo, heteroidentificação, desigualdade, inferiorização, socialização, escolarização, reflexão, exploração, opressão e entre outros temas, aqui, não mencionados.  
Autora elaborou este texto tendo em conta as preocupações com o momento político que se vive, com tantas ameaças às conquistas em relação aos direitos humanos e a uma educação que respeite as diversidades. A autora discute o racismo e as desigualdades de classe na escolarização dos meninos negros nos Estados Unidos, em escolas públicas que agem contra eles, inferiorizando-os, desinvestindo em seu aprendizado, desacreditando e fazendo com que desacreditem em suas capacidades intelectuais, contribuindo para que desvalorizem a escolaridade. Bell Hooks cita escrito de homens negros com memórias negativas de suas experiências escolares, onde não podiam manifestar sua curiosidade intelectual e sua capacidade crítica sem serem considerados rebeldes ou futuros delinquentes. Além das dificuldades de homens negros pobres para se mantiver em escolas. Autora destaca também as questões dos homens negros nas prisões americanas, onde compõem um contingente considerável, assim como nas taxas de analfabetismo em seu país.
Na mesma ótica, autora detém de maneira exaustiva um excelente esforço de operacionalização de perspectivas analíticas e políticas do feminismo negro, discutindo criticamente o sexismo, o racismo e a desigualdade de classe como lógicas de ação, de pensamento, de exploração e de opressão, atuantes nos mecanismos de socialização de diferentes sujeitos. Por outro lado, ao identificar estereótipos raciais e de gênero como práticas que atuam na formação de identidades sociais do sujeito durante sua vida escolar, esta perspectiva analítica vai ao encontro da ideia na qual a heteroidentificação racial e de gênero pode ser tecida também com relação ao desempenho escolar, imputando ao sujeito um status racial cuja consequência política pode ser a responsabilização por seu desempenho na escola, por meio de seu maior ou menor “compromisso” com a instituição.
Hooks assertoa que outros jovens negros eram produtos de um sistema educacional branco que na melhor das hipóteses os ensinou a ler e a respeitar a literatura, criatividade, ciência, tecnologia e o desenvolvimento comercial dele. Ainda, continuavam a desconhecer daquele sistema do negro, visto o homem branco mantivera a sua supremacia. Além disso, os professores brancos assertoavam que os alunos negros detinham de línguas preguiçosas. Com isso, autora afirma que isso é para “nos desafiar como de nos tranquilizar, de fazer com que nos sentíssemos confortáveis com as nossas deficiências em leitura e pronúncia”. Assevera que os estudantes negros, como Madhubuti, com frequência compartilham uma realidade na qual os professores negros sem consciência estereotipam os jovens negros tal como fazem professores não negros. Por certo, uma vez que pessoas negras compram a noção de uma masculinidade patriarcal, para a qual um homem negro de verdade é um corpo sem mente, garotos negros que são intelectuais, que querem ler e que querem amar os livros, correram o risco de ser ridicularizados como não masculinos. Muitas vezes homens negros educados em empregos bem pagos aprendem a assumir uma atitude de “concordar para estar bem”, para não representar uma ameaça aos seus colegas brancos de trabalho.
Autora intensifica a sua abordagem afirmando que um homem negro solteiro, acima de 30 anos, trabalhando em um ambiente, predominantemente, feminino e branco estava, muitas vezes, sendo tratado como um objeto sexual, assim como às vezes as mulheres brancas constroem essa imagem estereotipada dos homens negros. Ao considera-los como o “objeto” da exploração sexual. Hooks afirma que esta pressão é parte de um arsenal psicológico racial que constantemente permite às pessoas negras educadas, especialmente homens negros, saber que nem o maior nível de educação alcançado lhes permitirá escapar da imposição de estereótipos racistas. Explicita, de um modo útil, que o povo negro “tem herdado o anti-intelectualíssimo dos séculos de marginalização”, mas falha em não fazer a conexão entre o anti-intelectualíssimo entre os negros com o anti-intelectualíssimo global, presente na cultura. Pois, o John McWhorter passou grande parte da sua vida entre os brancos educados, sendo incapaz de criticar o anti-intelectualismo que é ensinado pelos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão. Ele insiste que o anti-intelectualismo não é imposto sobre os negros pelos brancos, mas transmitido como um traço cultural.  

Para tanto, espera-se com este trabalho contribuir na compreensão dessa obra em discussão. Por termos focalizados nos aspetos propostos pelos homens brancos aos homens negros.  Não só do ponto de vista da cor de pele, assim como na desconfiança dos brancos sobre a inteligência dos negros. Enfim, alguns negros ditos assimilados acabam ficar alucinados a essa tipo de ostentação dos brancos de que são detentores dos saberes: científico, tecnológicos, culturais e sociais que essa parece respondida nesta obra: “Escolarizando Homens Negro de escritora americana Bell Hooks.

Eusébio Djú, graduando em letras e estudante-pesquisador na área da literatura de língua portuguesa pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB.

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