Assim (não) se vê a influência da Língua Portuguesa – Renato Epifânio

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O presidente do Movimento Internacional Lusófono ( Renato Epifânio, lançou críticas em opinião recentemente veiculada no jornal Público aos resultados de uma pesquisa sobre a influência mundial das línguas, conduzida por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) dos EUA.
A pesquisa foi realizada mediante elaboração de mapas a partir de três grandes massas multilingues de dados: uma do Twitter, outra do Wikipédia e outra de uma lista de traduções literárias de livros impressos.
“Verificamos que a estrutura destas três redes globais de línguas está centrada na língua inglesa, como um eixo global, e ao redor de um punhado de línguas de um eixo intermediário, que inclui o espanhol, o alemão, o francês, o russo, o português e o chinês”, explicam os autores do estudo publicado em novembro de 2014 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos da América.
Renato Epifânio contesta os resultados desta investigação e alega que “muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão”, pois “estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia”.
O autor do artigo lamenta que, em virtude de muita divisão ainda reinante entre os países da Lusofonia no trato com a Língua comum e de muita relutância quanto ao princípio da gestão conjunta da Língua, “são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica”.
Mas ressalva que, em relação ao papel global da Língua Portuguesa, “o mais importante é essa capacidade ‘pontifícia’ (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida”.
Ventos da Lusofonia reproduz a seguir o artigo de opinião de Renato Epifânio, a criticar os resultados do estudo sobre o poder de influência das línguas no mundo. O artigo foi publicado na edição de 29 de dezembro de 2014 do jornal Público, de Portugal.  :::
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–– Assim (não) se vê a influência 
da Língua Portuguesa ––
Renato Epifânio,
do jornal Público (Portugal)
29 de dezembro de 2014
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:::  Muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão.  :::
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Num interessante artigo publicado no dia 22 de dezembro (Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas diferentes), o jornal Público reproduz os dados essenciais de um estudo saído na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Neste, defende-se que “ao contrário do que se poderia pensar, a influência global de uma língua mede-se principalmente pelo seu nível de ligação com outras línguas, e, em particular, pela sua capacidade de mediar a comunicação entre línguas que de outra forma não conseguiriam ‘falar’ entre si”.
Surpreendentemente, porém, à luz dessa premissa, a Língua Portuguesa aparece numa posição “intermédia”, quando deveria aparecer numa posição mais cimeira.
Se a premissa é, como no artigo se enfatiza, a “capacidade de estabelecer pontes entre línguas associadas a culturas por vezes muito diferentes e afastadas do ponto de vista geográfico”, então muito poucas línguas deveriam estar acima da Língua Portuguesa, desde logo pela sua geográfica difusão: falando só dos países de Língua oficial portuguesa, estamos a falar de uma Língua com difusão na Europa, nas Américas, em África e na Ásia.
Se contarmos, como devemos contar, com as várias diásporas lusófonas e com outras regiões que, historicamente, mantiveram laços com o espaço de Língua Portuguesa, essa difusão geográfica alarga-se ainda mais.
Manifestamente, contudo, isso não foi tido em conta neste estudo – o seu coautor português, Bruno Gonçalves, chega mesmo a manifestar a sua “surpresa” pela “ligação [da Língua Portuguesa] à língua malaia”. Como se na Malásia não existisse, ainda hoje, uma significativa comunidade lusófona, em grande parte residente no chamado “Bairro Português de Malaca”, que tem preservado essa ligação à Lusofonia, mesmo com poucos ou nenhuns apoios oficiais.
A este respeito, não pode deixar de ser referida a Associação Coração em Malaca, sediada em Portugal, que, através dos seus membros – desde logo, da sua Presidente, Luísa Timóteo – não se tem cansado de manter essa ponte, que já levou, inclusive, a que alguns membros dessa comunidade tivessem estado recentemente em Portugal.
Este exemplo é, de resto, multiplicável a muitos outros países, sendo que o mais importante nem é sequer isso: o mais importante é essa capacidade pontifícia (“construtora de pontes”) que a Língua e cultura portuguesa historicamente tiveram e que ainda hoje é reconhecida – nomeadamente, no mundo árabe.
Daí o papel que a Lusofonia poderia hoje ter à escala global na resolução de alguns conflitos, inclusive de cariz religioso. Enquanto cultura em que desde sempre conviveram as “três religiões do Livro” – judaísmo, cristianismo e islamismo –, a cultura lusófona poderia dar um importante contributo para a paz mundial.
Infelizmente, contudo – importa reconhecê-lo –, são os lusófonos os primeiros a não valorizar devidamente a sua cultura histórica. Não surpreende, por isso, que muitos não lusófonos não a conheçam e que surjam mesmo estudos internacionais que façam tábua rasa dessa nossa cultura. Assim (não) se vê a “influência da Língua Portuguesa”.  :::
Extraído do jornal Público – seção Opinião
Lisboa, Portugal.
Publicado em: 29 dez. 2014.
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Armando Guebuza defende Fundo Bibliográfico e maior acesso ao livro em Moçambique

Da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique
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Em 22 de dezembro de 2014, o presidente da República de Moçambique, Armado Guebuza, esteve presente à tomada de posse do novo presidente e do novo vice-presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa (FBLP) de Moçambique, Nataniel Ngomane e Gilberto Matusse, respectivamente.
O governante considerou que é necessário criar formas para garantir maior acesso ao livro no país, e recordou que a leitura é um “instrumento de transmissão do conhecimento”.
“O livro deve ocupar setor de destaque no vosso imaginário, procurando, deste modo, formas de garantir seu acesso a um crescente número de cidadãos e assegurar a sua permanente valorização como mecanismo de transmissão de conhecimento”, disse Armando Guebuza.
O chefe de Estado moçambicano defendeu a colaboração entre as instituições responsáveis pela educação e cultura, como forma de assegurar resultados na disseminação do gosto pela leitura entre os moçambicanos.
Nataniel Ngomane era diretor da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, e foi nomeado para o cargo de presidente do FBLP pelo presidente Armando Guebuza, após este ter exonerado Lourenço do Rosário do cargo de comando da instituição.
O FBLP foi criado em 1988 em Moçambique para a promoção, o ensino e a divulgação de obras literárias em Língua Portuguesa e para o incentivo à leitura. O órgão inicialmente envolveu apenas Portugal e Moçambique, mas tornou-se, dois anos mais tarde, uma instituição focada em todos os PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).  :::
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–– Extraído da Agência Lusa e da AIM – Agência de Informação de Moçambique ––
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Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas distantes

Ana Gerschenfeld,
do jornal Público (Lisboa, Portugal)
22 de dezembro de 2014
:::  Nem o número de falantes, nem a riqueza económica são o que mais condiciona a influência de uma dada língua a nível global: conclui estudo com participação portuguesa.  :::
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Está a pensar em aprender chinês (ou melhor, mandarim) ou a aconselhar os seus filhos a optarem por essa segunda língua estrangeira? É certo que, quando olhamos para o astronómico número de pessoas que fala hoje chinês – e para o crescente poderio económico da China –, temos tendência para pensar que, a par (ou talvez em vez) do inglês, o chinês é que será a língua do futuro.
Porém, a acreditar nas conclusões de um estudo realizado por uma equipa internacional, entre os quais um cientista português, essa escolha poderá não ser a mais acertada… A língua franca do futuro poderá ser outra – e as mais importantes no ranking [classificação] mundial também poderão ser outras.
Os resultados, publicados na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences(PNAS), mostram que, ao contrário do que se poderia pensar, influência global de uma língua mede-se principalmente pelo seu nível de ligação com outras línguas. E em particular, pela sua capacidade de mediar a comunicação entre línguas que de outra forma não conseguiriam “falar” entre si.
A questão reside em saber, no fundo, como avaliar a influência de uma língua na cultura global. Ora, até aqui, os parâmetros utilizados têm sido, justamente, o número de pessoas que falam uma dada língua e o nível económico dessas pessoas.
Mas agora, estes cientistas decidiram avaliar esse poderio linguístico com outra bitola: mapeando as redes de ligações entre as diferentes línguas do mundo. E concluem que, muito mais do que ao peso da demografia ou da riqueza – que obviamente também contribuem para o poderio das diversas línguas –, o sucesso global de uma língua deve-se sobretudo ao número e à força dessas ligações.
Mais: o que define a influência global de uma língua, argumentam os autores, é a sua capacidade de estabelecer pontes entre línguas associadas a culturas por vezes muito diferentes e afastadas do ponto de vista geográfico.
“O chinês – ou mandarim para ser mais preciso –, apesar de ter um grande número de falantes, é uma língua relativamente periférica, ou seja é uma língua que está isolada sobre si mesma e não interage com as restantes”, explicou ao Público Bruno Gonçalves, coautor português do artigo, a trabalhar na Universidade de Aix-Marseille (França).
“Ou seja, o chinês é útil na China, mas está longe de ser uma língua falada frequentemente noutros países ou regiões. Isto deve-se tanto à sua complexidade – que dificulta a aprendizagem – quanto ao tamanho da China – que facilita o isolamento cultural, visto poderem ser autossuficientes.”
–– Twitter, Wikipédia & Companhia ––
Para determinar as ligações existentes entre as línguas e avaliar a sua força, os cientistas – liderados por César Hidalgo e incluindo Steven Pinker – ambos do célebre Media Lab do Massachusetts Institute of Technology [o Instituto de Tecnologia de Massachusetts] ou MIT, EUA) – construíram três mapas diferentes a partir de três grandes massas de dados, respectivamente provenientes do Twitter, da Wikipédia e de traduções literárias.
No caso do Twitter – explica em comunicado o MIT –, o critério de ligação entre duas línguas era que o autor de um tweet [as micropostagens do Twitter] na sua própria língua (a primeira) também tivesse produzido pelo menos três tweets na segunda língua. Os dados representavam assim 17 milhões de tweets produzidos em 73 línguas por cerca de 280 milhões de utilizadores deste serviço online [em linha].
Quanto à força da ligação entre duas línguas, era medida pelo número de utilizadores desse “par” de línguas. Essencialmente, “a força de ligação entre as diversas línguas é dada pelo número de pessoas bilingues”, diz-nos Bruno Gonçalves.
No caso da Wikipédia, o critério era semelhante: os “editores” daquela megaciberenciclopédia eram retidos para análise quando tinham editado artigos na sua língua-mãe e noutras línguas. O conjunto final continha 2,2 milhões de tais editores.
–– A lista de traduções literárias da UNESCO ––
Por último, para gerar os dados de base relativos à tradução literária, os cientistas utilizaram o chamado Index Translationum da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] – um catálogo de 2,2 milhões de traduções de livros em mais de mil línguas, publicadas entre 1979 e 2011. Aqui, a força da ligação entre duas línguas era determinada pelo número de traduções que existiam de uma para a outra.
Para obter as redes, os cientistas utilizaram, lê-se no artigo da PNAS, um algoritmo semelhante ao que o motor de pesquisa da Google utiliza para fazer o ranking das páginas da Web nas suas listagens de resultados de pesquisa. Esse algoritmo utiliza o número e a qualidade dos links [enlaces ou hiperligações] que apontam para um dado site [sítio de Internet] como estimativa da importância desse site.
–– Duas listas de personalidades e de suas publicações ––
Por outro lado, para validar os seus mapas de forma independente, os cientistas recorreram a mais dois conjuntos de dados que ligam pessoas famosas e difusão linguística: uma lista (obtida anteriormente por César Hidalgo) de 11.340 pessoas que tinham artigos acerca delas na Wikipédia escritos em mais de 26 línguas; e uma outra lista, publicada num livro da autoria do politólogo norte-americano Charles Murray, das 4.002 pessoas mais citadas em 167 obras de referência (de enciclopédias a inquéritos) publicadas à escala mundial.
Resultados? Os três mapas das redes linguísticas não eram idênticas – o que era de esperar, uma vez que o grupo de “autores” utilizado para cada um dos mapeamentos era diferente: no caso do Twitter, representava uma parcela dos internautas bilingues; no caso da Wikipédia, uma mistura de curiosos e especialistas (poliglotas) de um tema; e, no caso da base de dados da UNESCO, obras literárias de fama internacional.
“Por exemplo”, lê-se no mesmo comunicado, “na rede da Wikipédia, o alemão é muito mais central do que o espanhol, enquanto o contrário se verifica na rede gerada a partir do Twitter.”
Da mesma forma – e pela mesma razão –, a rede derivada dos dados da UNESCO estava mais em linha com a lista de famosos de Murray, cujos elementos proveem das artes e das ciências. Pelo seu lado, as redes derivadas do Twitter e da Wikipédia correspondiam melhor à lista de famosos estabelecida pelo coautor César Hidalgo com base na Wikipédia, que é mais inclusiva, uma vez que contém famosos das mais variadas profissões, da música pop ao desporto.
Mas mesmo assim, fosse qual fosse a lista de celebridades considerada, havia sempre pelo menos um dos mapas que conseguia prever de forma mais fiável a composição dessa lista com base na “centralidade” da língua na rede correspondente do que no PIB [Produto Interno Bruto] ou no número de falantes associados.
–– Línguas do futuro? ––
Uma coisa é certa: no topo da influência global está atualmente o inglês. Com 1500 milhões de falantes e um elevado rendimento per capita, os novos resultados também confirmam esta língua como a mais capaz de ligar outras línguas entre si – o que aliás já todos sabíamos.
Quanto ao chinês (com mais de 1.600 milhões de falantes) ou o árabe (500 milhões de falantes), apesar de estas línguas serem mais faladas do que línguas como o português (290 milhões), o francês (200 milhões), o alemão (185 milhões), ou o italiano (70 milhões), ambas surgem nos resultados como mais periféricas, menos centrais do que este conjunto de línguas europeias.
De facto, a seguir ao inglês, as línguas mais centrais a nível global são o francês, o alemão, o espanhol, o italiano e o russo (nessa ordem, com os três últimos no mesmo patamar). E, no “círculo” seguinte, encontram-se, entre outras, o holandês (com apenas 27 milhões de falantes), o português, o sueco (com dez milhões) e o dinamarquês (com seis milhões).
“O português é uma Língua intermédia”, explica ainda Bruno Gonçalves. “Porque, apesar de estar difundida pelo mundo e ter ligações a línguas mais distantes, tanto geográfica como linguisticamente, não tem a importância global de uma língua como o inglês tem atualmente ou como o francês teve em décadas passadas.”
“Para mim, o resultado mais surpreendente em relação ao português foi a sua ligação à língua malaia e ao finlandês, que são visíveis nas redes derivadas do Twitter e da Wikipédia”, acrescenta Bruno Gonçalves.
–– “Cultura e língua estão ligadas” ––
Seja como for, todas estas línguas medianamente periféricas – e muito menos faladas do que o chinês ou o árabe – revelam-se, nos três mapas, mais centrais do que o chinês ou o árabe (os diversos mapas estão acessíveis no site do projeto).
E em particular, no mapa derivado do Twitter, o português e o espanhol são as línguas indo-europeias mais centrais a seguir ao inglês – enquanto as línguas “sino-tibetanas” como o chinês se tornam praticamente irrelevantes.
Poder-se-á objetar que estes dados estão enviesados, dado que consideram populações não representativas da totalidade da população humana – e que portanto não representam a influência real de cada língua. A isso, César Hidalgo responde no mesmo comunicado: “Quero dizer claramente que este estudo não é sobre línguas globais. As três redes são representativas de elites. Mas, ao mesmo tempo, essas elites são os motores da transferência de informação entre culturas.”
“O que estes resultados demonstram é que a cultura e a língua estão intrinsecamente ligadas, e que promover uma é promover a outra”, frisa Bruno Gonçalves.
–– Quanto ao português? E haverá uma nova Língua franca? ––
Como preservar o português? “Através de medidas que aumentem o número de estrangeiros que falam a nossa Língua – promoção de aulas de português para estrangeiros, etc. – ou que difundam a cultura portuguesa, como a tradução de livros de autores nacionais para outras línguas”, responde-nos o cientista.
E qual será a língua franca do futuro?, perguntámos. “Será provavelmente uma mistura de línguas. O inglês manterá o seu domínio, mas acho que não corremos o risco de ter uma única língua global que elimine as outras.”  :::
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GERSCHENFELD, Ana. Influência de uma língua mede-se pela capacidade de ligar línguas distantes.
Extraído do jornal Público – Lisboa, Portugal.
Publicado em: 22 dez. 2014.
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“Vapear”, “vaporar”… Como dizer ‘vape’ em português?

Da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Em meados de novembro, a equipa de linguistas dos Dicionários Oxford – responsáveis pela pesquisa e elaboração de um dos mais renomados dicionários da língua inglesa – escolheu vape como a Palavra do Ano da Língua Inglesa de 2014.
De acordo com o Dicionário Oxford, os primeiros registros escritos de vape datam de 2009. A palavra, classificada como verbo, é uma abreviação de vapour ou de vaporize, significando “inalar e exalar vapor produzido por cigarro eletrónico ou dispositivo similar”.
Os cigarros eletrónicos (chamados em inglês também como personal vaporizer) são dispositivos com formato semelhante ao de cigarro e que funcionam com pilhas elétricas. Não contêm tabaco, mas contêm nicotina extraída da planta do tabaco. E não geram fumaça no ar, mas liberam um aerosol semelhante a um “vapor”: daí a origem do termo escolhido, inclusive para diferenciá-lo de fumar um cigarro convencional, com tabaco.
A palavra inglesa vape pode ser usada tanto como substantivo quanto como verbo, de acordo com postagem do blogue dos Dicionários Oxford. A definição de vape ficou registada nos dicionários de referência para a lexicografia nos Estados Unidos em agosto de 2014.
Derivado de vape, apareceram também o termo inglês vaping como o ato de “aspirar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”, e o termo vaper, designando o “utilizador de cigarros eletrónicos”, como atesta o arquivo Buzzword, do Dicionário MacMillan. Todos estes vocábulos ganharam destaque na imprensa e nas redes digitais de língua inglesa em 2013, ganhando rápido uso corrente em âmbito internacional.
Levando-se em conta a vitalidade das línguas e a necessidade de encontrar nomes para designar novos conceitos, quais seriam os termos recomendados para, neste caso, traduzir vape para a Língua Portuguesa?
–– Aspirando da língua espanhola ––
Para traduzir vape para o português, a consultora do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, Sara Mourato, defende como termo possível a forma verbal “vapear“, inspirada no espanhol vapear.
O sítio da Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu) faz também a observação de que, seguindo a norma espanhola, em vez de vapear, recomenda-se o verbo vaporear que já aparecia dicionarizada na língua castelhana com o sentido de “exalar vapores”, podendo daí abranger o significado de “exalar o vapor produzido por cigarros eletrónicos”.
–– “Vapear”, “vaporar”… ––
Voltando ao português, pergunta-se: que forma usar? Para Sara Mourato, isto “muito dependerá da popularidade deste processo de (não) fumar e do uso das suas denominações” – embora o conceito de vape, para um cigarro eletrónico que exala “vapor”, seja diferente do de “fumar”, para um cigarro com tabaco que exala fumaça.
Além de “vapear”, inspirado no espanhol, há a recomendação da especialista para se usar em português o verbo “vaporar“.
“O espanhol vaporear encontra o correspondente português ‘vaporar‘, que, ainda assim, é um bom candidato a designar esta moda, porque já há muito se encontra registado nos dicionários, na acepção de ‘exalar (vapores, fragrâncias etc.); recender'”, diz a consultora, usando o exemplo do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Os primeiros registos de “vaporar” na Língua Portuguesa vêm do século XVI, diretamente do latim vaporare, e o termo já se encontrava como verbete dos primeiros grandes dicionários de Língua Portuguesa: o de Morais Silva e o de Caldas Aulete.
–– “Vapeador”, “vaporador”, “caneta vaporadora”… ––
“Quanto à tradução do vaper, é aceitável a forma ‘vapeador‘, mais uma vez com base em ‘vapear‘, mas, estando ‘vaporar‘ disponível, porque não ‘vaporador‘?” A especialista do Ciberdúvidas não recomenda o uso de “vaporizar”, nem de “vaporizador”, que fazem referência não ao “fumante”, mas ao aparelho, que converte líquido em “vapor”.
Com base na dica da consultora, sugere-se aqui ainda uma tradução para vape pen, que é um dos tipos de cigarro eletrónico, com formato assemelhado ao de uma caneta: pode ser “caneta vaporadora” ou “caneta vaporizadora“.  :::
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–– Extraído da Agência Lusa e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ––
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Língua Portuguesa integrada ao ensino oficial nas escolas da Itália

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e da Embaixada da República Portuguesa em Roma (Itália)
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A partir do ano letivo de 2015-2016, a Língua Portuguesa estará integrada aos planos curriculares oficiais das escolas italianas. Duas universidades da Itália estão a organizar o processo de seleção destinado a preparar duas dezenas de professores para o ensino de Português Língua Estrangeira no país.
Através dos exames locais, em que são avaliadas as habilidades de comunicação escrita e oral em Língua Portuguesa, 20 futuros professores de português estarão integrados nos quadros escolares.
Os selecionados frequentarão um curso com disciplinas específicas para o ensino escolar da Língua Portuguesa.
–– Processo regionalizado de seleção de professores ––
A seleção e a formação dos novos professores de Língua Portuguesa estão a cargo da Libera Università degli Studi Internazionali, de Roma, e da Universidade Ca’ Foscari, de Veneza.
Cada uma das universidades cuidará da formação de 10 professores aprovados pela seleção, cujo processo é regionalizado. A universidade romana selecionará professores das regiões do Centro-Sul da Itália, e a instituição veneziana escolherá e treinará professores do Norte do país.
A integração do ensino de Língua Portuguesa ao currículo do ensino na Itália foi fixada pelo Decreto nº. 312, do Ministério da Instrução, da Universidade e da Pesquisa, da República Italiana, lançado em 16 de maio de 2014.
A prova preliminar de seleção nacional foi feita no mês de julho de 2014, com perguntas de escolha múltipla, que podem ser consultadas neste ficheiro descarregável do Ministério da Instrução, da Universidade e da Pesquisa, do governo italiano. Foram aprovadas no teste 13 pessoas em Roma e nove em Veneza.
Com esta iniciativa, “será possível ao Ministério da Educação italiano proceder à abertura de disciplinas desta área nos vários institutos escolares, catalisando a disseminação da Língua Portuguesa em Itália e legitimando a sua importância como Língua estrangeira no ensino italiano”, afirma um comunicado do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.  :::
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–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e da Embaixada da República Portuguesa em Roma (Itália) ––
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Japão: vencedores do Concurso de Eloquência recebem bolsa para estudar em Portugal

Do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal)
16 de dezembro de 2014
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A Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto realizou a 32 ª edição do Concurso de Eloquência de Língua Portuguesa para estudantes universitários japoneses. O evento conta com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, que concede bolsas de estudo aos estudantes vencedores.
Apresentaram-se a concurso 17 estudantes japoneses representando os Departamentos de Português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio, da Universidade Kanda de Estudos Internacionais, da Universidade de Osaka e da Universidade de Tenri.
As provas realizaram-se a 29 de novembro de 2014 e foram constituídas por um discurso memorizado sobre um tema de livre escolha e uma entrevista, ambos realizados em Língua Portuguesa.
Os vencedores das duas primeiras universidades classificadas – de Quioto e de Osaka – terão a oportunidade de estudar em Portugal no próximo ano letivo com as bolsas de estudo concedidas pelo Camões, IP.
Este concurso é um dos eventos académicos mais importantes no que respeita ao ensino e à divulgação da Língua Portuguesa no Japão.
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–– Extraído do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) ––
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Palavra do Ano de 2014 reacende polémica dos estrangeirismos no Português

Da Agência Lusa e da Porto Editora
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A Porto Editora promove pela sexta vez o concurso virtual da “Palavra do Ano”. A equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Língua Portuguesa da Porto Editora selecionou as dez palavras a serem votadas pelo público através da Internet como a “Palavra do Ano” de 2014. O anúncio da palavra vencedora ocorrerá em janeiro de 2015.
O objetivo do concurso na Internet é “enaltecer o património da Língua Portuguesa, sublinhando a importância das palavras e dos seus diferentes sentidos no nosso quotidiano”.
A seleção das palavras pela Porto Editora faz retomar um ponto polémico quanto ao léxico da Língua Portuguesa: pode uma palavra estrangeira, sem adaptações gráficas e de pronúncia, ser escolhida como símbolo da Língua Portuguesa?
Em comunicado, a Porto Editora afirma que a lista de palavras foi feita “com base em critérios de frequência de uso e de relevância assumida quer através dos meios de comunicação social e das redes sociais, quer da utilização dos dicionários da Porto Editora”, inclusive nas versões em linha (online) e para a Internet móvel (mobile).
Declara no mesmo comunicado que as dez palavras selecionadas – divulgadas em 1 de dezembro de 2014 – remetem assuntos de política, saúde, a guerra, hábitos sociais e estratégias de comunicação. Embora haja palavras de uso muito comum e costumeiro da Língua, há também as neologias, em que aparecem regionalismos e até uma palavra inglesa.
As dez palavras candidatas são “banco”, “basqueiro”, “cibervadiagem”, “corrupção”, “ébola”, “legionela”, “gamificação”, “jihadismo”, “selfie” e “xurdir”.
–– “Basqueiro” e “xurdir”: regionalismos do norte de Portugal ––
A palavra “basqueiro” aparece na lista, pois “surpreendeu a opinião pública quando foi utilizada pelo atual ministro da Economia num debate parlamentar”, usada em novembro pelo ministro António Pires de Lima na Assembleia da República, o Parlamento português: “‘Que basqueiro!’, como se diz no norte [de Portugal]. ‘Basqueiro’ é um termo utilizado na gíria do Porto, que eu aprendi quando vivi no Porto”, disse na mesma ocasião, explicando que a palavra é sinónima de “frenesim”.
Outro regionalismo que aparece na lista é “xurdir”, usada na região de Trás-os-Montes: “Talvez pelas circunstâncias socioeconómicas que o país atravessa, ou pela riqueza da Língua Portuguesa, verificou-se este ano um aumento significativo da utilização desta palavra, que significa ‘lutar pela vida; mourejar’.”
–– “Ébola” e “legionela”: surtos e infecções ––
A palavra “ébola” fez grande presença na mídia devido ao surto do vírus a atingir notadamente a África Ocidental, em países como Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. “Tornou-se uma das preocupações das entidades públicas e das populações durante todo o ano”, refere a Porto Editora no comunicado.
Uma forte candidata é a palavra “legionela”, devido ao “inesperado surto” de infecções em Portugal causadas por bactérias do gênero Legionella, o que “fez com que o uso deste vocábulo se tornasse generalizado”.
–– “Banco” e “corrupção”: palavras corriqueiras da Língua ––
Na lista também aparecem palavras de uso corriqueiro da Língua Portuguesa. Os linguistas justificam a inclusão da palavra “banco” por “toda a polémica em torno da situação de uma conhecida instituição bancária, que colocou este vocábulo no centro do nosso quotidiano, levando ao aparecimento de expressões como ‘banco bom’ e ‘banco mau'”.
Outra palavra comum da Língua incluída na lista foi “corrupção”, pois ao longo do ano “foram sendo conhecidos vários casos de suspeita de corrupção em vários sectores da sociedade, envolvendo inclusive entidades e personalidades públicas”.
–– “Gamificação”, “jihadismo”: hibridismos ––
Há na lista hibridismos: palavras portuguesas derivadas de um termo de língua estrangeira. É o caso de “gamificação”. Para a equipa do concurso, “cada vez mais e em inúmeros contextos – educação, saúde, política, etc. – se faz uso de técnicas características de videojogos para resolver problemas práticos ou consciencializar ou motivar um público específico para um determinado assunto, uma estratégia que tem o nome de gamificação”.
O termo “gamificação” é um aportuguesamento do inglês gamification (derivada de game, “jogo”). Para o mesmo sentido em português, há também o termo “ludificação”.
A palavra “jihadismo” é derivada do árabe jihad, em referência à ação de grupos armados, notadamente os que se declaram de fé islâmica. “O afirmar do jihadismo no Iraque e na Síria, através da utilização dos média e das novas plataformas como formas de propaganda à escala global, colocou este movimento no topo da agenda mediática”, explica a Porto Editora.
–– Vida digital, “cibervadiagem” e o polémico “selfie ––
Há termos ligados à informática e à vida digital. A inclusão de “cibervadiagem”, ou o ócio em meio a trabalhos via Internet, explica-se pelo facto de a “utilização de plataformas digitais, como as redes sociais, com fins lúdicos durante o exercício de funções profissionais, ser cada vez mais frequente e um fenómeno que começa a ser objeto de análise jurídica”.
Porém, o mais polémico termo incluído na lista é a palavra inglesa “selfie” (derivada de self-portrait), que pode ser traduzida em português como “autorretrato” ou “autofoto”. Assim a Porto Editora justifica sua inclusão: “mais do que uma moda, mais do que uma tendência, as selfies fazem parte do nosso dia a dia, com presença constante nas redes sociais”.
A votação da “Palavra do Ano” 2014 será através do sítio de Internet Infopédia.pt e ocorre “até ao último segundo” de 31 de dezembro de 2014.
Nas edições anteriores, as palavras escolhidas foram “esmiuçar” em 2009, “vuvuzela” em 2010, “austeridade” (2011), “entroikado” em 2012 e “bombeiro” em 2013.  :::
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–– Extraído da Agência Lusa e da Porto Editora ––
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Angola: III Congresso Internacional de Língua Portuguesa de Luanda

Das Agências Lusa e AngolaPress
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Entre os dias 18 e 20 de setembro de 2014, ocorre o III Congresso Internacional de Língua Portuguesa de Luanda, cujo tema é Unidade na Diversidade. O local é a Universidade Jean Piaget de Angola, situada no município de Viana, na província de Luanda.
O comunicado de imprensa do evento esclarece que o encontro pretende divulgar os mais recentes estudos linguísticos da Língua Portuguesa, discutir sobre a diversidade linguística em Angola nos países lusófonos, analisar a associação da competência gramatical dos falantes das línguas africanas e do desempenho na Língua Portuguesa e, ainda, identificar a relação existente entre as literaturas africanas e a Língua Portuguesa da África.
Alguns dos temas em análise: a Língua Portuguesa e a hermenêutica dos textos orais africanos; a normalização linguística perante a inovação; os estrangeirismos; a fixação do vocabulário técnico; o Acordo Ortográfico; a Língua Portuguesa no ensino e na investigação; o Ensino de Português em Angola; a educação em ambiente de multilinguismo.
–– A Língua como instrumento de afirmação do povo de Angola ––
No discurso de abertura do Congresso, a ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, destacou que o povo angolano tornou a Língua Portuguesa mais adequada aos contextos culturais do país. “A Língua Portuguesa em Angola fez uma trajetória de afirmação do património partilhado, na medida em que desde os primórdios, até ao período mais crítico da sua história, os angolanos transformaram-na na principal arma da luta contra o sistema opressor”, disse.
“Nessa medida, a Língua Portuguesa alcançou estatuto, tal como versa a Constituição angolana. Ela merecerá melhor tratamento dos estudiosos para que o seu ensino se revele cada vez mais apropriado, bem como o seu conhecimento. Esse exercício deverá ser feito em paralelo com as demais línguas nacionais com que convive e que lhe deram a força que adquiriu hoje”, acrescentou a ministra.
Rosa Cruz e Silva salientou que o aprendizado da Língua Portuguesa deverá estar no mesmo patamar de importância do das demais línguas nacionais, a fim de que seja utilizada por todos os interlocutores do país.
“Sem qualquer mácula, deve permanecer o diálogo, já que a diversidade linguística do país constitui a sua grande riqueza na validade e diversidade cultural”, afirmou.
–– Resposta sobre o Acordo será “no devido momento” ––
O ministro da Educação angolano, Pinda Simão, disse que o país está a trabalhar sobre o Acordo Ortográfico, que ainda não foi subscrito por Angola, embora o país seja um dos signatários originais.
O ministro que coordena este processo no país, disse que “no devido momento será tomada uma decisão”, mas escusou-se a adiantar datas. “O país está a trabalhar. Depende de Angola, de quando Angola decidir”, respondeu Pinda Simão. :::
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–– Extraído das Agências Lusa e AngolaPress ––
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Brasil: Malaca Casteleiro em conferências no Rio de Janeiro

Da Academia Brasileira de Letras e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil)
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O professor João Malaca Casteleiro, um dos mais destacados defensores da implantação do Acordo Ortográfico em seu país e membro da Academia das Ciências de Lisboa, participou de uma série de eventos no Brasil em promoção de uma política internacional para a Língua Portuguesa.
Malaca Casteleiro fez na segunda-feira, dia 15 de setembro, na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, a conferência A Língua Portuguesa no Mundo Atual Globalizado.
No dia 17 de setembro, o professor Malaca Casteleiro esteve no Liceu Literário Português, em Larajaneiras, também no rio de Janeiro, onde lançou o livro A Arte de Mandar em Português: Atualidade deste Estudo 50 Anos Depois, publicado no Brasil pela Editora Lexicon.
No mesmo dia, participou de evento do lançamento do livro no Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde realizou aula inaugural do segundo semestre letivo da instituição brasileira.
O ilustre intelectual português empreendeu a visita o Rio de Janeiro graças a convite feito pelo professor Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras.
João Malaca Casteleiro é professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O acadêmico é, ainda, o responsável pela versão europeia do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Em 1986, ele fez parte da delegação portuguesa no Encontro de Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado na sede da ABL em Academia Brasileira de Letras. Participou também, do Anteprojeto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa, em 1988, assim como dos trabalhos que conduziram ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firmado em Lisboa, em 15 de dezembro de 1990.  :::
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–– Extraído da Academia Brasileira de Letras e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil) ––
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Quatro artigos acadêmicos sobre o Ensino de Português no Reino Unido

Da SIPLE – Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira
e do sítio Rede Brasil Cultural, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Brasília, Brasil)
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Quatro artigos sobre o Ensino do Português no Reino Unido foram publicados na edição número 6, da revista digital da SIPLE (Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira). Essa revista tem como objetivo divulgar trabalhos de ensino e pesquisa na área de Português como Língua Estrangeira (PLE) e Português como Língua de Herança (POLH). Os artigos estão disponíveis no sítio da SIPLE na Internet.
O Português como Língua de Herança: Políticas Linguísticas na Inglaterra, de autoria de Ana Souza e Olga Barradas, apresenta um contexto geral para o ensino de português na Inglaterra, um dos países onde o ensino da Língua Portuguesa tem aumentado consideravelmente.
Outro artigo interessante, intitulado Português em Escolas Primárias de Londres: Experiência de uma Assistente Bilíngue, de Kenya Silva, trata da importância do uso do português no processo de adaptação das crianças brasileiras ao sistema educacional inglês. Para tal, a autora remete à sua experiência como assistente bilíngue em uma escola primária inglesa no leste de Londres.
Já O Papel do Português no Aprendizado da Matemática – Exemplo de uma Escola Secundária em Londres, de Francisco Aparecido Mattos Scheirber, revela a experiência profissional do autor na estratégia de inclusão de alunos brasileiros, que estão aprendendo inglês e vivendo em Londres, olhando para o conceito de “matemática como uma linguagem”.
O Ensino de Português como Língua Adicional: Especificidades e Prática no Contexto Universitário, de Antônio Márcio da Silva, mostra como é o Ensino de Português em universidades inglesas na atualidade. Para tanto, focaliza-se o contexto do Ensino de Português, os interesses que levam os alunos a elegerem a Língua, e algumas especificidades no aprendizado da Língua Portuguesa.  :::
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–– Extraído da SIPLE – Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira e do sítio Rede Brasil Cultural, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Brasília, Brasil) ––
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Academia Brasileira de Letras lança aplicativo gratuito de seu Vocabulário Ortográfico

Da Agência Brasil
15 de setembro de 2014
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:::  Os quase 400 mil verbetes do Vocabulário já seguem as novas regras previstas no Acordo Ortográfico e podem ser acessados através do aplicativo em celulares inteligentes e em tabletes digitais.  :::
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Academia Brasileira de Letras (ABL) lançou um aplicativo gratuito de consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). Com ele, é possível ter acesso em smartphones [celulares inteligentes] e tablets [tabletes digitais] aos quase 400 mil verbetes que já seguem as novas regras previstas no Acordo Ortográfico. É uma solução rápida para tirar dúvidas de como se escreve alguma palavra.
O aplicativo pode ser baixado em dispositivos Android, pelo Google Play, e em dispositivos da Apple, pela App Store.
Um dos recursos do aplicativo é o de autocompletar-se. Quando a pessoa começa a digitar uma palavra, automaticamente aparece uma listagem de possíveis resultados na tela, e ela poderá encontrar a exibição do vocábulo antes mesmo de terminar a redação de tal termo. É possível também aumentar a letra para facilitar a leitura.
“A vantagem é que tendo uma dúvida qualquer a respeito de ortografia, pode-se estar no metrô, na rua, onde estiver, com um celular ou tablet, em poucos segundos tem-se a resposta de como se escreve a palavra”, explica o presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti.
Segundo ele, a tendência do mundo é a composição entre o que é impresso e o que é digitalizado. Utilizando-se dessa ferramenta, a Academia poderá “prestar serviço a um número cada vez maior de usuários, especialmente os estudantes”.
–– Elogios ao aplicativo ––
A expectativa é grande em torno da nova ferramenta. De acordo com Cavalcanti, aproximadamente 1,6 mil perguntas sobre gramática ou ortografia são feitas mensalmente no espaço online [em linhaABL Responde. “Todos aqueles que tiverem questões de ortografia poderão obter agora a resposta rapidamente”.
Há poucos dias no ar, o aplicativo tem avaliação 4,7 de uma pontuação máxima 5, no Google Play. Os comentários são elogiosos: “Sempre usei no site [sítio], mas essa opção é maravilhosa”, diz uma usuária. Outra, ressalta: “Esperava há muito tempo por esse aplicativo”. Há também sugestões de melhora, como a possibilidade de se copiar, no próprio dispositivo, as palavras com a ortografia correta.
–– A busca do Vocabulário Ortográfico na Internet ––
O sistema de busca do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa está na quinta edição, de 2009, e contém 381 mil verbetes, com as respectivas classificações gramaticais e outras informações conforme descrito no Acordo Ortográfico. Trata-se, em uma definição simples, da ortografia oficial [no Brasil] das palavras da Língua Portuguesa.
Sobre se antecipar a obrigatoriedade das novas regras ortográficas, que só poderão ser cobradas a partir de 1.º de janeiro de 2016, Cavalcanti diz que as mudanças já são uma realidade: “Todos já adotaram a nova ortografia, os jornais, os livros escolares, os livros editados. Todos fazem constar que seguem a nova ortografia.”  :::
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–– Extraído da Agência Brasil ––
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Brasil oferece 45 bolsas para professores de Português nos Estados Unidos

Do Ministério da Educação do Brasil (Brasília, Brasil)
9 de setembro de 2014
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:::  Serão concedidas até 45 bolsas de estudo, com o objetivo de incrementar o Ensino de Português em universidades norte-americanas.  :::
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A Fundação Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) – órgão do Ministério da Educação do Brasil –, em parceria com a Fundação Fulbright, seleciona 45 candidatos graduados por universidades brasileiras para a concessão de bolsas de até 9 meses de duração para professor assistente de Língua Portuguesa nos Estados Unidos da América.
A iniciativa busca incrementar o ensino da Língua Portuguesa em universidades norte-americanas e estreitar as relações bilaterais entre os dois países. A duração da bolsa corresponde à do ano letivo dos EUA (de agosto/setembro de 2015 a maio/junho de 2016).
Para participar, o candidato deve ter nacionalidade brasileira (não cumulada com nacionalidade norte-americana), bacharelado ou licenciatura em Língua Portuguesa e/ou inglesa com conclusão após 31 de dezembro de 2009 e proficiência em inglês, não receber ou ter recebido benefícios do Governo do Brasil ou de outras entidades brasileiras com o mesmo objetivo e residir no Brasil no momento da inscrição e durante todo o processo seletivo.
As inscrições devem ser feitas através de formulário em linha disponível no sítio da Comissão Fulbrightjuntamente com o envio de uma xerocópia de um documento de identificação, histórico escolar, diploma da graduação, três cartas de referência redigidas em inglês e o comprovante do teste de proficiência em inglês.
Entre os benefícios da oportunidade, estão um auxílio de deslocamento de até 3.208 dólares para as passagens aéreas entre Brasil e Estados Unidos de acordo com a duração do programa, além de uma bolsa a incluir os custos de moradia, alimentação e seguro-saúde, cujo valor será definido de acordo com a localização da universidade norte-americana anfitriã.
As inscrições podem ser feitas pela Internet até o dia 19 de outubro. Para mais informações, recomenda-se a leitura do edital completo no sítio da Capes. :::
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–– Extraído do Ministério da Educação do Brasil (Brasília, Brasil) ––
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Centro Cultural Brasil-Líbano promove obra de Fernando Pessoa em Beirute

Áurea Santos
da Agência de Notícias Brasil-Árabe – ANBA (São Paulo, Brasil)
9 de setembro de 2014
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:::  Projeto teatral da instituição sediada em Beirute vai montar peça baseada em texto do poeta lusitano. A participação é aberta a libaneses que estejam aprendendo a Língua Portuguesa.  :::
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O Centro Cultural Brasil-Líbano, em Beirute, vai iniciar um projeto teatral para promover a obra do poeta lusitano Fernando Pessoa. O projeto terá início nos dias 16 e 23 deste mês e está aberto à participação de libaneses adultos que estejam aprendendo a Língua Portuguesa.
“A ideia é fazer com que os alunos treinem o idioma com um poeta conhecido. É um desafio para a gente e para os alunos”, afirma Samia Yakzan, diretora do centro. Libaneses que não sejam alunos do centro também podem participar desde que tenham conhecimento de português. Os participantes terão um curso sobre o trabalho de Pessoa e, no final do ano, montarão uma peça com base em um texto do autor.
Yakzan conta que o projeto está sendo realizado em parceria com a entidade Amigos de Portugal, e o curso será coordenado por uma representante da associação.
“Vamos usar um texto em prosa, uma coisa simples, algo que Fernando Pessoa escreveu e que possamos transmitir de maneira mais teatral. Vamos adaptar um texto simples a uma peça de teatro”, revela.
Segundo Yakzan, Fernando Pessoa é um nome famoso no Líbano. “Ele ficou muito conhecido no mundo por suas frases célebres”, diz a diretora. O projeto teatral com o autor português ainda é um piloto e deve servir de base para novas atividades. “Estamos com bastante vontade de continuar. É uma maneira legal de aprender português de forma interativa”, comenta.
De acordo com a diretora, em geral os alunos precisam ter estudado de um a dois anos a Língua Portuguesa para terem um nível adequado à participação no projeto. Ela destaca, no entanto, a velocidade com que os estudantes costumam aprender o idioma: “É surpreendente quanto os libaneses aprendem rápido o português. Como eles falam francês, que é uma língua latina, isso ajuda. Tem gente que faz um módulo e já tem um vocabulário riquíssimo.”
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• As inscrições para o projeto de teatro em homenagem a Fernando Pessoa ocorrem até o dia 12 de setembro no Centro Cultural Brasil-Líbano. O curso inicia-se nos dias 16 e 23 de setembro, será ministrado em Língua Portuguesa e a participação é gratuita.
• Centro Cultural Brasil-Líbano
rua Mar Mitr, 176, edifício Sami Fouad Trad – Achrafieh
Beirute – Líbano
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Extraído da Agência de Notícias Brasil-Árabe – ANBA (São Paulo, Brasil)
Publicado em: 09 set. 2014.
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Edleise Mendes: Língua Portuguesa gera interesse mundial “nunca visto”.

A Língua Portuguesa está a gerar um interesse mundial sem precedentes, e esse interesse tem sido liderado pela China. Essa afirmação foi dada pela professora brasileira Edleise Mendes, presidente da Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira (SIPLE). Segundo a académica brasileira, isso se deve à afirmação dos países lusófonos no cenário económico internacional. A Língua Portuguesa, segundo a responsável, caminha para ser uma alternativa ao inglês, a par do espanhol. A seguir a entrevista na íntegra à professora Edleise Mendes à jornalista Patrícia Mendes, do Plataforma Macau.
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:::  Que interesse é que o português está a gerar a nível mundial?  :::
Edleise Mendes – Nos últimos anos há, de facto, um crescimento muito grande do interesse pelo português, não só nos países onde ele é Língua oficial, é Língua de cultura, mas também, e sobretudo, como Língua estrangeira em todas as partes do mundo. Em alguns contextos isso é mais evidente, como, por exemplo, na China.
Há um grande interesse pela aprendizagem do português na China, assim como tem havido nos países lusófonos cada vez mais interesse pela aprendizagem do chinês. Mas não só: também em países como os Estados Unidos o crescimento tem sido exponencial, não só por estrangeiros, norte-americanos que desejam aprender português, mas também por uma retomada do interesse pelas comunidades de herança que estão espalhadas pelo mundo e que haviam perdido a sua Língua. Há, por exemplo, há uma série de descendentes nos Estados Unidos de portugueses, brasileiros, cabo-verdianos que, de alguma forma, perderam a Língua e foram de tal modo introduzidos na cultura norte-americana que essa herança ficou um pouco esquecida. Então, hoje há um interesse dessas comunidades de herança muito grande em retomar a Língua e as culturas lusófonas. Somos uma Língua só com muitas caras, muitas culturas e muitas histórias.
:::  E acha que esse interesse pelo português é hoje maior do que no passado?  :::
EM – Muito maior, sem dúvida. Nunca se viu um crescimento tão grande, a ponto de termos uma procura de professores de português tal que não temos gente suficientemente formada para lhe dar resposta. Em várias partes do mundo é possível ver simples falantes de Língua Portuguesa atuando como professores, tal é o interesse de muitos espaços onde não há professores. Nos últimos dez anos, esse interesse praticamente triplicou. Então, acho que os países de Língua Portuguesa têm hoje um desafio muito grande nessa área da educação, do investimento na formação de novos professores.
:::  Qual é a grande razão que justifica esta situação?  :::
EM – É justamente a evidência que os países de Língua oficial portuguesa têm tido no mundo. Pode ser uma evidência cultural, política, mas é sobretudo econômica. O Brasil puxa muito esse interesse, mas também os países africanos de Língua oficial portuguesa, que também têm crescido muito no cenário internacional.
Temos trabalhado justamente para que o português caminhe para ser uma Língua, de facto, internacional, e isso só é possível a partir do trabalho conjunto de todos nós, não mais apenas Brasil ou Portugal, que durante muito tempo trabalharam de forma divergente e apenas essas duas normas de uso do português tinham evidência no mundo.
Agora apela-se a toda a comunidade de países de Língua Portuguesa para trabalhar de modo conjunto para que o português possa de facto ser uma Língua de projeção e importância internacional e cada vez mais presente em todos os espaços, educacionais, políticos, econômicos e sobretudo nas organizações internacionais.
:::  Que países é que estão a revelar maior interesse pelo Ensino do Português como Língua estrangeira?  :::
EM – Sem sombra de dúvida a China, é o país que tem investido nos últimos anos mais fortemente para a aprendizagem e crescimento do português. Outros países asiáticos também, mas sobretudo a China. Os Estados Unidos também, e a Argentina.
Na China, existe esse interesse crescente pelo português a nível do ensino superior, mas não só: também na escola básica, e nunca houve tantas escolas de línguas livres especializadas no Ensino do Português, o que mostra que o ensino superior não tem dado conta [do interesse pela Língua Portuguesa]. Há um grande público que está no mercado que deseja aprender português porque isso significa novas oportunidades de trabalho, novas aberturas para uma vida possivelmente melhor.
Na Argentina, o português é uma Língua de escolha no Ensino Secundário, mas há fases da educação básica argentina em que o português é obrigatório, assim como no Brasil.
Isto resulta de um acordo, segundo o qual o espanhol é obrigatório em alguma fase da educação básica brasileira, assim como na Argentina o português, e vai também passar a ser obrigatório no Ensino Médio. A tendência é que essa contrapartida seja comum aos países que integram o Mercosul, que esse crescimento, essa parceria tenha muito mais força e que, de facto, a lei seja cumprida, da obrigatoriedade em toda a educação básica do ensino do espanhol no Brasil e do Ensino do Português nos países do Mercosul que estabeleçam com o Brasil esse acordo de cooperação. Este tipo de acordo visa a integração regional e tem um caráter político, econômico e de fortalecimento de um bloco não só econômico, mas sobretudo político e cultural.
Agora, o interesse também surge de países que se aproximam dos lusófonos, como a Guiné Equatorial, que passou a fazer parte da CPLP.
–– “Internacionalização requer nova gestão” ––
:::  O português tem condições para vir a competir, pelo menos em alguns mercados, com o inglês ou espanhol, como Língua obrigatória de ensino escolar?  :::
EM – Acho que sim. O português está a caminhar para ser, por exemplo, ao lado do espanhol uma Língua alternativa ao inglês. Temos a possibilidade de figurar no mundo com o português como Língua de comunicação global, de produção científica, como Língua de tradução, de profusão jornalística e comunicacional. Temos essa força, e acho que estamos a caminhar cada vez mais para isso.
:::  No Ensino do Português como Língua estrangeira, continua a haver a opção entre as normas portuguesa ou brasileira. É um problema para a internacionalização do português?  :::
EM – É algo que já está um tanto ultrapassado, porque todo o discurso, inclusive da própria CPLP, dos próprios governantes e das pessoas que trabalham na área da educação reconhece que isso apenas nos atrasa, porque precisamos é de reconhecer que temos as nossas diferenças, mas que também temos as nossas aproximações e falamos a mesma Língua com diferentes normas de uso. A mesma Língua tem diferentes possibilidades de uso e de vivência. Mas isso não significa que criemos um fosso que nos distancie a ponto de não permitir um trabalho em conjunto. Então, todo o trabalho do IILP [Instituto Internacional da Língua Portuguesa], por exemplo, é mudar essa visão e mostrar que é possível uma gestão diferente da Língua Portuguesa no século XXI, que seja compartilhada, na qual todos participemos. E o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira é um exemplo de que é possível fazer isso. O professor no portal tem a possibilidade de aceder gratuitamente a unidades produzidas a partir de diferentes países da CPLP e utilizá-los.
:::  Mas mesmo assim, esses professores terão sempre de optar pela norma que vão ensinar aos alunos, não?  :::
EM – É enriquecedor poder sair do nosso lugar e olhar para o que o outro faz na nossa Língua. É preciso um trabalho de consciencialização dos políticos, legisladores e governantes para que tenham a consciência de que essas diferenças só nos afastam.
:::  Qual deve então ser o objetivo?  :::
EM – De forma nenhuma se procura uma uniformização. O Acordo Ortográfico também não é isso: é apenas uma tentativa de minimizar as diferenças no plano ortográfico. As variedades de uso entre as normas permanecerão, porque vivemos em contextos culturais diferentes e, portanto, tudo o que somos está impresso na Língua. A tentativa não é uniformizar a Língua Portuguesa, mas respeitar o que o outro diz e faz, e tentar incorporar isso na sala de aula. Mostrar aos alunos não que a norma portuguesa, por exemplo, é melhor ou mais correta do que a brasileira, a angolana ou porque a brasileira tem mais força porque tem mais gente que a fala: é esse tipo de pensamento que tem atrapalhado muito o crescimento do português.
O objetivo é o aluno e os professores negociarem os exemplos de Língua que são mais confortáveis para si, sem radicalismos, fechamentos, sem estabelecer diferenças hierárquicas de valor entre as variedades. A palavra de ordem não é uniformização ou apagamento das diferenças em prol de uma Língua que não tem “cara”, mas criar na sala de aula um ambiente necessário de abertura, de valorização das diferentes identidades culturais de Língua Portuguesa e, na medida do possível, fazer com que essas variedades dialoguem, sem forçar a nada, porque a abertura vai promover a aproximação sem que a gente perceba. A nossa Língua é linda justamente pela sua grande diversidade.
–– “Falta vontade política” ––
:::   E quanto à certificação de professores e alunos de português, o que é preciso fazer?  :::
EM – O que é necessário é que haja não uma uniformização do processo de certificação, porque Portugal e o Brasil têm os seus sistemas e cada um tem as suas especificidades, mas criar um sistema de equivalência. Não tem sentido uma pessoa que tem uma certificação do Brasil, ela não seja reconhecida em Portugal e vice-versa.
:::  O que falta para se conseguir essa equivalência?  :::
EM – Em primeiro lugar, uma vontade dos nossos governantes: deveriam começar a pensar nisso, e o IILP é o grande instrumento que poderia propor e promover esta equivalência. Não só a nível da certificação, mas também a outros níveis, onde é possível haver essa concertação, como é o caso do projeto do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira, que estamos a desenvolver.
:::  Com que objetivo foi criado este portal?  :::
EM – O projeto do portal foi criado em 2011 no âmbito do Plano de Brasília e, a partir de 2012, as equipes nacionais começaram a produzir as unidades didáticas. Já temos no portal unidades de Angola, Brasil, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.
O portal é aberto, gratuito e qualquer professor em qualquer parte do mundo pode aceder ao mesmo, fazendo uma inscrição muito simples, e a partir daí pode ter acesso às cerca de 400 unidades didáticas disponíveis, que significam cerca de 800 horas de aulas gratuitas para o Ensino do Português em três níveis.
Temos mais de 6 mil professores inscritos no portal, muitos dos quais da América Latina, África, Portugal e de outros países espalhados pelo mundo, como a Finlândia e Romênia, e até agora quase 60 mil acessos. O portal está ainda em fase de testes, e até outubro estará plenamente no ar com todas as suas ferramentas, inclusive as de interatividade. Registramos um maior crescimento na utilização do portal a partir de África, Estados Unidos e na América Latina. Na China ainda não, talvez pela falta de conhecimento da existência do portal, mas isto deverá mudar.
:::  E onde estão a fazer cursos como o que realizaram em Macau?  :::
EM – Estes cursos estão relacionados com um grupo ou um contexto específico. Então, para que pudéssemos elaborar as unidades a partir desses contextos, precisávamos ir lá. O primeiro curso foi realizado em Lisboa em maio, e era voltado para a produção de materiais para o ensino do Português como Língua de Herança e para crianças. Agora em Macau, com a parceria da Universidade de Macau e da Fundação Oriente, realizamos outro para a produção de unidades para falantes de chinês que estarão disponíveis no portal. E em outubro, vamos realizar outro na Argentina para produção de materiais de português para falantes de espanhol.  :::
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(Entrevista a Patrícia Mendes)
Extraído da revista Plataforma Macau (Macau, China).

Por: https://ventosdalusofonia.wordpress.com/category/defesa-da-lingua-portuguesa/

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